domingo, 9 de fevereiro de 2014

Vivencie o seu amor próprio

Não é incomum encontrarmos pessoas que deixam de viver suas vidas para viver a de outros. Isso ocorre com mães e filhos, marido e mulher, avós e netos e acreditem, até na relação homem-bicho de estimação. Essas pessoas sentem uma necessidade interior do cuidado. Acreditam que o outro não vai viver na sua ausência e por isso costumam chegar ao extremo de deixar a própria vida pessoal em segundo plano. Pensam ser insubstituíveis para o outro e não conseguem conceber o outro, sem a sua mão. Com certeza leitor, se você não for assim, deve ter alguém bem perto que age dessa forma. Não tenho nada contra o cuidado – ele é bom e é preciso. Não tenho nada contra e até gosto de zelar dos que me rodeiam, assumo, às vezes exagero um pouco. Mas não cometa jamais o erro de deixar você mesmo em segundo lugar. Quando você coloca o outro na sua frente, seja um pai, a mãe, seu filho, amante ou amigo, você deixa de fazer o bem a seu pupilo e começa a esmagar a sua própria vontade de viver e ser uma pessoa feliz. Você passa a crer que só consegue fazer o outro feliz, sem nunca o ser. O sábio mestre russo Gurdjieff, em uma de suas palestras no século passado, proferiu que: “Para o homem, a mais alta realização é ser capaz de fazer. Lembre-se de você mesmo, sempre e em toda parte”. Isso quer dizer que ninguém, mas ninguém mesmo, poderá tomar mais espaço em sua vida do que você próprio. Isso não é um convite ao egoísmo, insisto, mas você só conseguirá cuidar bem do outro, se estiver bem consigo. Certa vez conheci uma senhora que reclamou sobre como ela tinha vindo a este plano para ser “arrimo de família”. Ela se dizia cansada, já que tinha cuidado dos seus cinco irmãos a vida toda, e que, aos 70 anos, se viu sozinha, já que todos ao seu redor haviam falecido. E esse é o grande mal que nos acomete quando colocamos o outro na nossa frente. Ele se vai, e nós ficamos sozinhos, sem eira nem beira, muitas vezes, por designação espiritual do destino, que nos repele pela falta de amor próprio. O ensinamento bíblico nos conta que "Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros" (Jo 13, 14). Veja que o próprio Pai não nos pede que amemos mais aos outros do que a nós mesmos. Nessa passagem, talvez uma das mais citadas e conhecidas do Livro Sagrado, o que ele conclama é que nós amemos muito e incondicionalmente a todos, mas não faz ressalvas sobre o amor próprio, pois, só consegue amar o outro, aquele que se ama por completo e integralmente. No campo pragmático, o que se pode dizer é que a sensibilidade que Deus nos conferiu para cuidar e amar deverá ser compartilhada entre nós e nossos queridos. Há que se amar os nossos bichos de estimação, nossos pais, nossas companheiras e a Deus sobre todas as coisas, mas, para isso, precisamos apreender que nós somos responsáveis por tudo aquilo que semeamos. Se o seu amor próprio anda em baixa, se você vive a vida de outrem e tem jogado a sua para escanteio, arregace as mangas, abrace quem você ama, mas olhe no espelho e diga para você mesmo: Eu Sou o que eu Sou, e por isso, a partir de hoje, deixarei quem me rodeia viver em paz, para que eu possa ficar também. Lembre-se, o mais importante é ir à luta, abraçar a vida, e ser feliz. Cuide-se bem! FIRMINO JÚNIOR é professor na PUC Minas e no Instituto Federal, também jornalista e escritor, tem mestrado na área de Comunicação. Contato: firmino.junior@yahoo.com.br. firmino.junior@yahoo.com.br

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