sábado, 21 de abril de 2012

Mural dos Inimigos da Educação

Você, professor, aluno, cidadão de qualquer credo ou classe, pode colocar a foto do seu prefeito numa iniciativa interessante: o “Mural dos Inimigos da Educação”. Criado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), o projeto visa estampar no site da entidade (www.cnte.org.br) o nome, o partido e a foto de todos os prefeitos que não pagam o piso salarial exigido pela classe. Na verdade, para figurar lá, basta que o prefeito da sua cidade não cumpra na íntegra a Lei Federal nº 11.738, do Piso Salarial Nacional. A legislação garante ao docente receber um piso inicial fixado em lei federal e contar com 1/3 de hora atividade para o planejamento de aulas. Ou seja, se é contratado para trabalhar 40 horas, pelo menos 12 devem ser dedicadas a preparação de uma boa aula. Em termos numéricos, o que determina a lei é que um professor não pode receber menos do que R$ 1.451 por mês. E é só isso mesmo que os professores da rede pública pedem: cumprimento da lei. Não só a salarial, que afeta diretamente a dignidade do professor, mas também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que melhorou muito as escolas brasileiras, mas só no papel – fazendo nos crer que nosso emaranhado de leis é cada vez mais ineficiente, nefasto e lúdico. Numa época em que somos obrigados a presenciar uma greve numa das escolas de Passos, ocasionada por excesso de violência do alunado, isso só nos faz crer o quão é importante o papel do professor na educação brasileira. E se o professor tem sob seus ombros tanta importância, nada mais justo do que ele receber (bem) por isso. Não sou professor da rede pública estadual ou municipal, mas sei o quanto esses colegas sofrem com a falta de condições mínimas de trabalho e respeito, pois fui aluno de ambas as redes por 14 anos. É por isso que escrevo aqui, em solidariedade a nossa classe, que muda de nível, mas não muda de comprometimento e coleguismo. E saibam senhores gestores: se vocês descumprem a lei, podem até não figurar no mural da CNTE, mas estão na mente desses profissionais que tem a dura missão de fazer do Brasil um país melhor e muito mais digno de se viver. Para 2012 as entidades de defesa do professorado já lutam pela implantação de um Piso Salarial Profissional Nacional de R$ 1.937,26 para o início de carreira. Mesmo diferente do que manda a lei, não é pedir demais que o responsável pela construção do país tenha um salário onde lhe é possível pagar um financiamento de um imóvel, adquirir um veículo e custear suas despesas mínimas, como um plano de saúde, alimentação e o que mais constar no pé da pirâmide de Maslow. Na verdade, num país onde um senador da República diz que não sabe como um “vossa excelência” consegue viver com apenas R$ 20 mil por mês, não é de se estranhar essa falta de consideração. Priorizem, reflitam, gerenciem a educação com políticas de valorização profissional de verdade, que não concedam esmolas e penduricalhos na remuneração, mas sim, dignidade para o professorado, seja em que esfera for. E tenho dito! FIRMINO JÚNIOR é professor da FESP e do IF Sul de Minas Artigo originalmente publicado no jornal Folha da Manhã do dia 21/04 em Passos - MG

terça-feira, 10 de abril de 2012

Nadando no dinheiro: R$ 250 mil a mais na conta


Como você já deve saber, todos os meses as cidades recebem o que o governo chamou de "Transferências Constitucionais Federais". Elas englobam um pacote de fontes de recursos que servem para que as prefeituas de todo o país possam subsidiar a "qualidade de vida" de seus moradores. Entre as siglas do pacote estão a FPM (principal e que varia de acordo com a população), o Fundeb (verba da educação), a Cide (Gasolina), o ITR (Transferências rurais) e a Lei Complementar 87/1996, entre outros.

Na região o impacto tem sido bem positivo, pois o valor tem sido crescente a cada ano. Selecionamos três cidades de porte diferente para que você possa acompanhar o crescimento.

Em Bambuí, por exemplo, em relação a 2011 o crescimento trimestral foi de quase R$ 250 mil. Isso, porque a continha já não era pequena, uma vez que no primeiro trimestre de 2011 a cidade havia recebido R$ 3.265.347,96. No mesmo período deste ano foram R$ 3.502.565,88.

Em Arcos, enquanto apenas no primeiro trimestre de 2011 foram arrecadados R$ 4.915.287,76, em 2012 a conta passou da casa dos R$ 5 milhões e chegou a R$ 5.447.334,15. Um aumento de mais de meio milhão de reais.

Em Córrego Danta, uma cidade com menos habitantes, o aumento foi de quase R$ 100 mil no trimestre, já que pulou de R$ 1.323.223,41 para R$ 1.426.490,95.

Para saber o valor da sua cidade, CLIQUE AQUI.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O futuro da EaD


Na nossa série de artigos sobre educação, desta vez, não por acaso, a temática escolhida é Educação à Distância, uma modalidade de ensino tão crescente quanto prostituída no mercado educacional brasileiro. Uma verdadeira fábrica de se fazer dinheiro em curto prazo.

Antes de discorrer sobre o assunto, quero deixar claro que sou extremamente a favor da EaD. Trata-se de uma alternativa importante para pessoas que não podem/querem se sentar num banco de faculdade durante quatro ou cinco anos. Para muitos, é a única saída para ter acesso a educação, já que os custos deste formato também são bem menores. Um curso de graduação em EaD pode custar pouco mais do que R$ 200, o que num modelo presencial passaria fácil dos R$ 700.

É preciso se pensar no público! É, e vai continuar sendo, baixa a procura por graduações na modalidade EaD para aquele aluno tradicional, que acaba de terminar o ensino médio. Muitas vezes os pais não querem que ele faça este tipo de curso, ou o próprio aluno encantado com a entrada na universidade, não quer nem a poder de reza braba fazê-lo. O único atrativo é o computador e, portanto, a EaD não coloca em risco as universidades tradicionais, como se tem anunciado pela mídia sensacionalista.

Uma preocupação que sinceramente me chama a atenção é a qualidade desses cursos. Vale ponderar que o aluno que se forma na modalidade não presencial tem um diploma igualzinho ao do presencial. Na prática, se o aluno não contar que fez a distância, ninguém fica sabendo. Também por isso, um não pode ter mais ou menos qualidade e exigência do que o outro. Não pode haver brechas em nenhum estágio educacional e o sistema ofertado tem que ser eficiente e inteligente para evitar que o aluno falte com a verdade. “Fica fácil pedir alguém pra fazer os trabalhos”, disse-me um amigo uma vez, como se no presencial não fosse a mesma coisa. Sempre o que está em xeque é a idoneidade do discente e não do formato do curso.

Tive a experiência de ser tutor de um curso a distância de pós-graduação da Universidade Federal de Viçosa, a UFV, por quase dois anos. A experiência foi muito positiva. O sistema trabalha com interação e dialoga com o aluno, evitando o descompromisso e favorecendo o aprendizado contínuo. Sem aquelas cobranças exageradas de conteúdo inútil, mas sempre reforçando a importância da pontualidade, do segmento de cronogramas e de algumas etapas presenciais, para apresentação de trabalhos e conclusão de certas atividades.

Fato é que o futuro da nossa educação também passa pela modalidade a distância. É o computador se entranhando por mais essa esfera da vida cotidiana, que com certeza, favorece o acesso e oferta facilidades. Talvez o grande mérito da EaD hoje seja os vários pais de família que não puderam estudar na época certa e agora estão estudando pelo computador, garantindo assim mais aprendizado pessoal, melhorando o salário do lar e tendo mais condições de acompanhar os filhos na vida escolar.

De todas as premissas elencadas na série a Educação do Futuro, o Ensino à Distância, com certeza, deve ser o do futuro mais próximo. Já somos milhões de brasileiros aprendendo por vídeo-aulas, fóruns e chats. Já somos milhões de brasileiros que podem fazer um curso de aperfeiçoamento, graduação ou especialização pela máquina do século. Já somos uma grande massa, ávida por educação, que ainda precisa se aperfeiçoar, mas que, com a vida corrida, tem se mostrado uma profícua alternativa.

FIRMINO JÚNIOR é professor da FESP e do IF Sul de Minas

Artigo originalmente publicado no jornal Folha da Manhã, de Passos - MG, no dia 04 de abril de 2012.