quarta-feira, 4 de abril de 2012

O futuro da EaD


Na nossa série de artigos sobre educação, desta vez, não por acaso, a temática escolhida é Educação à Distância, uma modalidade de ensino tão crescente quanto prostituída no mercado educacional brasileiro. Uma verdadeira fábrica de se fazer dinheiro em curto prazo.

Antes de discorrer sobre o assunto, quero deixar claro que sou extremamente a favor da EaD. Trata-se de uma alternativa importante para pessoas que não podem/querem se sentar num banco de faculdade durante quatro ou cinco anos. Para muitos, é a única saída para ter acesso a educação, já que os custos deste formato também são bem menores. Um curso de graduação em EaD pode custar pouco mais do que R$ 200, o que num modelo presencial passaria fácil dos R$ 700.

É preciso se pensar no público! É, e vai continuar sendo, baixa a procura por graduações na modalidade EaD para aquele aluno tradicional, que acaba de terminar o ensino médio. Muitas vezes os pais não querem que ele faça este tipo de curso, ou o próprio aluno encantado com a entrada na universidade, não quer nem a poder de reza braba fazê-lo. O único atrativo é o computador e, portanto, a EaD não coloca em risco as universidades tradicionais, como se tem anunciado pela mídia sensacionalista.

Uma preocupação que sinceramente me chama a atenção é a qualidade desses cursos. Vale ponderar que o aluno que se forma na modalidade não presencial tem um diploma igualzinho ao do presencial. Na prática, se o aluno não contar que fez a distância, ninguém fica sabendo. Também por isso, um não pode ter mais ou menos qualidade e exigência do que o outro. Não pode haver brechas em nenhum estágio educacional e o sistema ofertado tem que ser eficiente e inteligente para evitar que o aluno falte com a verdade. “Fica fácil pedir alguém pra fazer os trabalhos”, disse-me um amigo uma vez, como se no presencial não fosse a mesma coisa. Sempre o que está em xeque é a idoneidade do discente e não do formato do curso.

Tive a experiência de ser tutor de um curso a distância de pós-graduação da Universidade Federal de Viçosa, a UFV, por quase dois anos. A experiência foi muito positiva. O sistema trabalha com interação e dialoga com o aluno, evitando o descompromisso e favorecendo o aprendizado contínuo. Sem aquelas cobranças exageradas de conteúdo inútil, mas sempre reforçando a importância da pontualidade, do segmento de cronogramas e de algumas etapas presenciais, para apresentação de trabalhos e conclusão de certas atividades.

Fato é que o futuro da nossa educação também passa pela modalidade a distância. É o computador se entranhando por mais essa esfera da vida cotidiana, que com certeza, favorece o acesso e oferta facilidades. Talvez o grande mérito da EaD hoje seja os vários pais de família que não puderam estudar na época certa e agora estão estudando pelo computador, garantindo assim mais aprendizado pessoal, melhorando o salário do lar e tendo mais condições de acompanhar os filhos na vida escolar.

De todas as premissas elencadas na série a Educação do Futuro, o Ensino à Distância, com certeza, deve ser o do futuro mais próximo. Já somos milhões de brasileiros aprendendo por vídeo-aulas, fóruns e chats. Já somos milhões de brasileiros que podem fazer um curso de aperfeiçoamento, graduação ou especialização pela máquina do século. Já somos uma grande massa, ávida por educação, que ainda precisa se aperfeiçoar, mas que, com a vida corrida, tem se mostrado uma profícua alternativa.

FIRMINO JÚNIOR é professor da FESP e do IF Sul de Minas

Artigo originalmente publicado no jornal Folha da Manhã, de Passos - MG, no dia 04 de abril de 2012.

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